MAIS DE 10 MILHÕES DE BRASILEIROS POSSUEM ALGUM TIPO DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA

No mês de novembro é comemorado o Dia de Prevenção e Combate à Surdez, doença considerada pela Organização Mundial de Saúde como uma das cinco prioridades para o século.


No mês de novembro é comemorado o Dia de Prevenção e Combate à Surdez, doença considerada pela Organização Mundial de Saúde como uma das cinco prioridades para o século. Considerada a primeira deficiência com mais impacto no índice de qualidade de vida da população, somente no Brasil mais de 10 milhões de pessoas possuem algum nível de deficiência auditiva, segundo estudo realizado pelo Instituto Locomotiva.

O estudo também mostrou que a surdez costuma atingir mais homens (54%) na faixa dos 60 anos ou mais (57%) e que mais de 90% das pessoas adquiriram a deficiência ao longo da vida. Os números mostram o tamanho e a gravidade de um problema que pode, muitas vezes, ser evitado com cuidados na prevenção ou ter seus efeitos minimizados com o tratamento adequado.

 

O que causa a surdez

A surdez é uma doença multifatorial e é importante entender quais as principais causas que dão origem ao problema. Por isso listamos abaixo os principais motivos que geram perda auditiva.

  1. Exposição prolongada a sons altos:

A poluição sonora é uma das causas principais de perda auditiva, especialmente em jovens, devido ao hábito de ouvir música com um volume muito alto em fones de ouvido. Estímulos sonoros de alta intensidade têm a capacidade de matar as células da nossa audição, por isso o ideal é que o som não ultrapasse 50% do limite do aparelho. A sensação de zumbido provocada por esse hábito pode ser sinal de que houve um trauma auditivo e serve como alerta para que se tomem os devidos cuidados. No caso de pessoas que trabalham expostas a ruídos diários que ultrapassam o limite de segurança, é sempre importante utilizar Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s).

  1. Traumas provocados no aparelho auditivo:

O mau hábito de colocar objetos dentro do canal auditivo, especialmente com o uso indevido de cotonetes, pode provocar traumas graves como a perfuração do tímpano, lesões, obstrução da passagem de som, além de provocar um processo infeccioso ou inflamatório no local. Vale lembrar que o excesso de cera produzido é naturalmente expelido pelo corpo, sem haver necessidade de introdução de objetos que terminam empurrando a cera de volta para dentro do canal auditivo, entupindo-o.

  1. Doenças congênitas ou adquiridas

Os cuidados com a surdez devem ser adotados ainda no período da gestação, pois muitas doenças provocam perda auditiva neste período - como sífilis, toxoplasmose, rubéola, sarampo e meningite, entre outras. Isto ocorre porque essas doenças lesionam as células nervosas e sensoriais que levam o estímulo do som da cóclea até o cérebro. É fundamental que a gestante seja bem orientada quanto à vacinação, medida simples e altamente eficaz. Vale lembrar ainda que o uso de determinados medicamentos (antibióticos, aminoglicosídeos e salicilatos) também pode levar à surdez, de modo que a automedicação não deve ser feita em hipótese alguma.

  1. Perda natural

Conhecida como Prebiacusia, este tipo de surdez ocorre à medida que envelhecemos e as células ciliadas auditivas vão se desgastando, gerando a perda do sistema auditivo.

 

Alguns sintomas podem ajudar a identificar se a pessoa sofre do problema. “Dificuldades para entender o que está sendo dito uma conversa, falar ao telefone ou distinguir sons em ambientes muito cheios e ruidosos. Muitas vezes a pessoa começa a observar os lábios dos outros enquanto eles falam, na tentativa de entender melhor o que é dito. Existe ainda o problema do zumbido no ouvido, que é um sinal de que algo não vai bem no sistema auditivo. A consequência disso é que, muitas vezes, a pessoa começa a se isolar por vergonha de ter que ficar pedindo para os outros repetirem os diálogos”, explica a Dra Carla Lima (CRM 14232), otorrinolaringologista do Hospital Agenor Paiva.

 

Tratamentos para surdez

Mas e se a surdez foi diagnosticada? Bem, o primeiro passo é procurar um especialista no assunto, pois ele indicará o melhor tratamento para cada caso. “Existem diversas opções, mas os tratamentos mais comuns são o uso de uma prótese auditiva. Existem três tipos: o convencional de amplificação sonora individual, a prótese auditiva semi-implantável ou totalmente implantável e a prótese auditiva implantável de condução óssea, conhecida como BAHA. Já para outros casos de surdez, há a possibilidade de uma cirurgia para reconstrução de cadeia ossicular. Mas é preciso uma avaliação médica cuidadosa para indicar qualquer tipo de tratamento”, afirma a Dra Carla.

Apesar de existirem cada vez mais tecnologias capazes de solucionar ou reduzir os impactos da surdez, em muitos casos a doença poderia ser prevenida com medidas simples capazes de garantir uma saúde auditiva de qualidade ao longo da vida. Entretanto, caso o primeiro sinal da doença seja percebido, o recomendado é o médico otorrinolaringologista para obter um diagnóstico preciso e o tratamento adequado.