CUIDADO: O FAMOSO ‘BABA’ DO FINAL DE SEMANA COM OS AMIGOS PODE SER TRAIÇOEIRO

Mesmo sendo apenas uma brincadeira para descontrair, jogar bola exige muito esforço físico e, muitas vezes, alguns rapazes não fazem nenhuma atividade física durante a semana. Essa falta de exercício pode provocar prejuízos desde os pés até o joelho.


É comum os homens se reunirem aos finais de semana para o famoso ‘baba’ com os amigos. Mesmo sendo apenas uma brincadeira para descontrair, jogar bola exige muito esforço físico e, muitas vezes, principalmente por conta da correria do dia a dia, alguns rapazes não fazem nenhuma atividade física durante a semana. Essa falta de exercício pode provocar dores e prejuízos desde os pés até os joelhos, queixas bastante frequentes nos consultórios médicos, que, se não tratadas precocemente, podem agravar.

Segundo o Dr. Victor Couto, ortopedista do Hospital Agenor Paiva, é importante estar atento a esses tipos de lesões por falta e por excesso de atividade, e, principalmente, aos cuidados imediatos e clínicos. Mas não é só a rapaziada que deve tomar cuidado. As mulheres também estão suscetíveis aos machucados.

 

Hospital Agenor Paiva: É comum a ida de pacientes ao consultório com queixas de dores ou prejuízos desde o pé até joelho por conta do famoso ‘baba’ do final de semana? 

Victor Couto: Sim, na prática ortopédica temos as dores musculares localizadas e generalizadas. Dentre as dores localizadas mais comuns estão as entorses de tornozelo, joelho, dores lombares e distensões ou estiramentos de uma maneira geral. Já as dores generalizadas, normalmente, são as mialgias que estão associadas a desfechos metabólicos após estresse intenso com repercussões que podem ser muito graves.

 

HAP: A falta de atividades físicas no dia a dia pode contribuir para esses incidentes?

Victor Couto: Sim, a atividade física deve ser bem dosada, pois pode levar à dor na falta ou no excesso dos exercícios. Muitas queixas são oriundas da musculatura fraca e falta de atividade física rotineira, o que pode causar atrofia/fraqueza da fibra muscular provocando dor e limitação funcional. O contrário (excesso) também pode causar fadiga muscular e, consequentemente, dor e limitação funcional da mesma forma.

 

HAP: Antes de procurar ajuda médica, como o paciente deve agir na ocorrência de fratura ou machucado?

Victor Couto: De uma maneira geral, os acidentes devem ser avaliados por um médico. Se houver algum tipo de ferimento associado e se for possível deve-se lavar apenas com água corrente e cobrir com pano limpo fazendo leve compressão até chegar ao hospital. No caso de alguma deformidade (braço torto, por exemplo) evite reduções intempestivas (não mexer no local nem deixar o amigo tentar colocar o braço ou outra parte do corpo no lugar) e tente imobilizar ou não mexer no local e dirija-se para hospital. Se não tiver deformidade pode aplicar gelo preferência nas primeiras 48h e vá para o hospital assim que possível. 

 

HAP: Os ferimentos podem se agravar?

Victor Couto: Os ferimentos quando não cuidados de maneira correta podem infectar e trazer problemas que poderiam ter sido resolvidos de modo simples num primeiro atendimento. Na maioria das vezes, uma boa orientação de curativo resolve a maior parte das feridas. As fraturas também podem ser negligenciadas, mas é mais difícil por conta do quadro clínico muitas vezes associado a um quadro de dor importante e limitação funcional. Mas existem casos onde diagnosticamos fraturas após um período de duas ou três semanas depois do quadro inicial.

 

HAP: Tratar o incidente em casa pode ser arriscado? 

Victor Couto: Quando tentamos tratar o incidente em casa podemos deixar de diagnosticar de forma precoce o problema, o que pode acarretar em sequelas que normalmente são fontes de dor crônica e deformidades estéticas.

 

HAP: Existe alguma regra para visitar o ortopedista ou desde machucados leves ao mais graves é importante fazer uma consulta?

Victor Couto: Machucados leves sem sinais de alarme, como TCE (trauma crânio cefálico) popularmente "bater a cabeça”, trauma abdominal e do tórax, em pacientes deambulantes (que andam sem dificuldades), sem relato de perda de consciência associados ao trauma, sem queixa de náusea (enjoo) ou vômito podem ser, inicialmente, tratados ambulatorialmente, mas o importante é que na menor dúvida ou presença de algum desses sinais de alarme é necessário procurar um hospital imediatamente.

 

HAP: Em casos como esses, os joelhos são bem afetados em babas. Quais são os problemas mais comuns e mais graves?

Victor Couto: O joelho é uma articulação em dobradiça que permite apenas flexão e extensão. Quando sofrem traumas fora deste eixo, associados ao trauma rotacional, podem levar desde entorse simples que cursa com dor e limitação funcional até entorses graves com lesões ligamentares, lesões meniscais, cartilaginosas e, até mesmo, fraturas. Muitas destas lesões podem ter repercussões sérias com necessidade inclusive de cirurgia.

 

HAP: Quais cuidados os pacientes devem tomar?

Victor Couto: A dica é respeitar o limite de cada um, realizar exames periódicos, acompanhamento ambulatorial com o clínico e cardiologista, principalmente se tiver acima de 40 anos, fazer atividade física regular de três a cinco vezes por semana pelo menos 30 minutos por dia e academia para fortalecimento da musculatura.

 

HAP: Esses casos são bem comuns em homens, mas também podem ocorrer nas mulheres? 

Victor Couto: De uma maneira geral, os homens acabam tendo mais lesões porque se expõe mais às atividades. Por outro lado, quando comparamos apenas o gênero masculino x feminino, as mulheres estão mais suscetíveis a lesões principalmente do joelho por conta de alterações biomecânicas peculiares à mulher e alterações genéticas com repercussão na cartilagem do joelho como a condropatia patelar ("cartilagem mole"), patologia bastante comum e muito mais frequente nas mulheres.